“Depois, fez rolar uma pedra sobre a entrada do sepulcro.” Mc 15.46b
Esse é o relato da vitória dos inimigos de Jesus que, após condená-lo à morte de cruz, fizeram rolar a pedra sobre o sepulcro. Um membro do sinédrio fez questão de realizar essa tarefa. Obter a segurança que a história terminava ali.
Esse é o ponto final de uma semana intensa na vida de Jesus, culturalmente a chamamos de semana santa, Jesus chega a Jerusalém montado em um jumento, um cortejo de camponeses, o cortejo do povo. Do outro lado, Pilatos chega montado em seu cavalo, com armaduras e armas, liderando o cortejo do império. Com sua entrada na capital, Jesus afirma metaforicamente ser ele o Senhor daquela terra e daquele povo, não o imperador, Cristo é o kyrios.
Dentro da cidade, seu próximo embate é com a lógica de funcionamento do templo, o símbolo de fé dos judeus havia sido sequestrado e entregue àqueles que eram alinhados às lógicas do império. O templo havia se tornado refúgio de um povo que não se preocupava com o próximo, entravam na fortaleza da fé e faziam seus sacrifícios, mas o templo não deveria ser esconderijo dos que sacrificam sem amor, o templo deveria ser casa de oração de todos os povos.
A semana prossegue com inúmeros embates de Jesus com o sinédrio e as representações da elite sacerdotal de Jerusalém, em todos os momentos Jesus segue ensinando um novo tipo de reino, contrapondo a lógica do sinédrio e de Roma. As tensões se multiplicam a cada dia, o povo está maravilhado com seus ensinos, a multidão cerca Jesus enquanto ele mostra um novo tipo de vida. As tensões ficam insuportáveis, sinédrio e o império decidem matar Jesus.
É assim que termina uma semana de aflições na vida de Jesus, com um membro do sinédrio rolando a pedra sobre o sepulcro que abriga um corpo morto. Seria a vitória do império, seria a vitória de um mundo governado pelas trevas.
Contudo, no raiar do domingo de Páscoa, Jesus não estava mais lá. Derrotada havia sido a morte, derrotado o império, derrotado o sinédrio, derrotados os sequestradores do templo, derrotado o império das trevas. No poder da ressurreição, vitorioso é o Reino de Deus!